segunda-feira, 13 de abril de 2015

Prostitutas protestam contra fecho das montras no bairro das luzes vermelhas em Amesterdão

Cerca de 250 protestantes, entre prostitutas e defensores da causa, manifestaram-se em Amesterdão contra a intenção do município de acabar com as lojas de prostituição no "red light district".
A autarquia já fechou 115 das 500 montras do "bairro das luzes vermelhas"
Cerca de 250 pessoas, entre prostitutas e simpatizantes, protestaram em Amesterdão contra a intenção do município de acabar com as lojas de prostituição no “bairro das luzes vermelhas”, informou a polícia, citada pela agência noticiosa francesa AFP.

Durante a manifestação, as trabalhadoras do sexo usavam máscaras para evitar serem reconhecidas e empunhavam cartazes em que se lia “Não nos salvem, salvem as nossas montras” ou “Parem de fechar as nossas montras”, segundo imagens divulgadas pelo canal estatal NOS.

As prostitutas, que reclamam a manutenção das características do seu local de trabalho, dizem sentir-se tratadas como párias por não terem sido ouvidas sobre o fecho das montras. “O sexo é uma profissão legal na Holanda e precisamos de apoio, queremos ser levadas a sério pelos políticos”, disse à agência de notícias holandesa ANP uma porta-voz das prostitutas, que não quis ser identificada.

Muitas das montras de prostituição ficaram vazias por causa do protesto e numa delas estava um cartaz em que se lia “Vocês estão a tirar-nos o emprego”. A autarquia já fechou 115 das 500 montras do “bairro das luzes vermelhas”, argumentando ter sido a forma encontrada para travar a criminalidade e o tráfego humano naquela zona da cidade.

Cerca de 7.000 pessoas trabalham no comércio do sexo em Amesterdão, 75% das quais oriundas de países da Europa Oriental, de acordo com a autarquia. A prostituição foi legalizada em 2000 na Holanda.

Do observador.pt
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Prostitutas australianas publicam fotos em protesto contra estigma da profissão

RIO - Centenas de prostitutas na Austrália decidiram se rebelar contra o estigma de vítimas. Desde o início desta semana, essas mulheres vêm publicando suas fotos nas redes sociais com pequenos perfis escritos por elas próprias e a hashtag #FacesOfProstitution (faces da prostituição, em inglês). O objetivo é divulgar uma imagem positiva da indústria do sexo, para combater a ideia de que todas as profissionais são obrigadas a trabalhar nesse ramo contra sua vontade.

"Tenho quase certeza de que não me pareço com uma viciada em drogas. Não preciso de salvação, obrigada", escreveu uma mulher. "Universitária. Aspirante a advogada. Ativista. Filha, irmã, profissional do sexo. Não preciso ser resgatada", publicou outra. "Tão drogada e sem saúde que consigo me sustentar no pole com apenas um braço", tuitou uma terceira entre tantas mulheres australianas.

Tudo começou por causa dos 25 anos do filme "Uma linda mulher", estrelado por Julia Roberts. Um blog para mulheres publicou um post dizendo que o longa-metragem glorifica a profissão e "engana (mulheres) fazendo-as acreditar que a prostituição é algo glamuroso e romântico". O artigo, cujo título é "A trágica realidade por trás da inspiração de 'Uma linda mulher'", afirma que 75% das mulheres nesse ramo foram estupradas, que 68% sofrem de estresse pós-traumático e que a maioria começou depois de ser abusada sexualmente na infância. Nenhuma fonte oficial é atribuída a essas estatísticas.

A primeira a reagir contra o post, repubicado pelo site da revista feminina "Mammamia", foi a garota de programa Tilly Lawless, de 21 anos, da cidade de Sidney. Ela achou que o texto criava uma imagem prejorativa da prostituição e decidiu publicar no Instagram uma foto sua para mostrar a perspectiva de uma jovem bonita e saudável que decidiu se tornar prostituta por vontade própria. Em seguida, Tilly foi contactada pela Associação de Profissionais do Sexo da Austrália, que pediu a ela para publicar a foto também no Twitter. A partir daí, a iniciativa recebeu a adesão de centenas de mulheres.

"Foi uma agradável surpresa. Profissionais do sexo são raramente humanizadas como indivíduos, tão frequentemente nossos corpos são citados mas a publicação dos nossos rostos nas redes sociais é algo tão poderoso", disse a prostituta à BBC.

Do Olhar Direto

Casa Xochiquetzal, no México, é um oásis para prostitutas idosas

Xochiquetzal é a deusa asteca da beleza, do prazer e da fertilidade. Ela dá nome a uma casa peculiar no centro histórico da Cidade do México. Próximo ao bairro de Tepito, e da zona de prostituição da capital mexicana, encontra-se o único abrigo do mundo dedicado ao atendimento de profissionais do sexo em idade avançada.

Em 2005, prostitutas da região propuseram a criação de um abrigo para suas colegas e ex-colegas mais velhas, que careciam de contatos familiares e sociais e viviam nas ruas.

Um ano mais tarde, com o apoio de organizações civis e instituições do governo, além de feministas como a escritora Elena Poniatowska, a Casa Xochiquetzal abriu as portas em pleno coração da capital mexicana. Desde então, cerca de 400 mulheres já foram atendidas no local.

No espaço, que abriga atualmente 24 ex-prostitutas entre 56 e 83 anos de idade, as mulheres encontraram não apenas um lar onde recebem comida e abrigo, mas também uma família e um lugar na sociedade.

Oásis no centro da capital

A diretora da casa, Jesica Vargas González, descreve as moradoras do local como "guerreiras e lutadoras, donas de um apreço incrível pela vida". Apesar de todas as adversidades, elas sempre enfrentam a vida e os problemas de cabeça erguida, afirma.

Quando González fala sobre o albergue, nota-se a paixão que a jovem diretora sente pelo projeto. "Quem passa pela porta da Casa Xochiquetzal, entra, literalmente, num outro mundo. É um oásis. Quando se começa a conhecer as senhoras, a conversar, elas te conquistam. São realmente mulheres excepcionais", diz. Ela chegou ao local em 2008, com a intenção de trabalhar como voluntária. Mas o contato com as moradoras a deixou tão fascinada que resolveu ficar. Quatro anos mais tarde, ela assumiria o cargo de diretora.
Todos os dias, a jovem luta para levar o projeto adiante. "É um trabalho em tempo integral. As moradoras não são pessoas fáceis, porque quando estavam do lado de fora, se viam como concorrentes. Por isso, aqui dentro podem acontecer muito conflitos de convivência. Com frequência temos que lhes dar aconselhamento, conversar com elas sobre valores como companheirismo, amizade, respeito mútuo, etc", explica a diretora.

Um dos maiores desafios é conseguir doações para cobrir as despesas da casa. "Houve uma época em que estávamos no vermelho, devíamos salários às pessoas que trabalham aqui, não havia dinheiro para comida ou para o gás. Passamos quase um ano sem cobrar um centavo, eu mesma tive que vender doces, ou o que pudesse, para pagar minhas passagens para poder vir ao trabalho", conta a diretora. "O fiz porque sei que elas precisam de mim, assim como eu preciso delas. Acabamos formando uma família, uma comunidade."

Um projeto para a posteridade

González critica o "machismo" e a "dupla moral" da sociedade mexicana. Por um lado, diz, os clientes buscam os serviços das profissionais do sexo, por outro, não as apoiam.

"A maioria das mulheres que aqui estão foram rejeitadas por seus filhos. Elas lhes deram uma formação, muitos deles são profissionais formados, possuem boas condições financeiras, tudo graças a elas. Mas quando souberam que suas mães eram profissionais do sexo eles as renegaram e esqueceram", afirma.

A diretora se orgulha dos quase dez anos de existência da Casa Xochiquetzal. "Isso surgiu do nada e hoje é algo concreto. Lutamos todos os dias para que não fique como um mais projeto que um dia existiu, mas que permaneça para a posteridade, porque o trabalho sexual não vai terminar."

Do MNS

sábado, 11 de abril de 2015

Nota de Apoio de Profissionais do Sexo ao advogado Rafael Silva

NOTA DE APOIO DE PROFISSIONAIS DO SEXO AO ADVOGADO RAFAEL SILVA


“Nenhuma luta haverá jamais de me embrutecer, nenhum cotidiano será tão pesado a ponto de me esmagar, nenhuma carga me fará baixar a cabeça. Quero ser diferente. Eu sou. E se não for, me farei”.
(Caio Fernando Abreu)


Nós, organizações da sociedade civil de profissionais do sexo, vimos por meio desta carta nos solidarizar ao advogado Rafael Silva.

Falaremos aqui do Rafael, aquele homem que conhecemos, aquele homem que caminha conosco, que está em nossas lutas, aquele homem que está conosco sonhando por uma sociedade mais justa, democrática e igualitária. Rafael sempre foi um companheiro sensível, justo, solidário e que se colocou no lugar de cada uma e cada um de nós, em todos os momentos, nos respeitando, reconhecendo nossos poderes, em que sempre tivemos nossas vozes e nossos sonhos escutados e fortalecidos.

No entanto, agora, conforme tornou-se de conhecimento público, tem sido realizada uma grave campanha nacional contra esse advogado Rafael Silva. A campanha expõe a figura do advogado na tentativa de deslegitimar o seu trabalho a figura deste homem que convive conosco. Além disso, a campanha faz, de forma crescente, novas e supostas acusações de violência contra uma mulher, sem lhe dar o direito à defesa, incitando a violência contra ele, tratando como condenado um homem cujo processo sequer foi apreciado pela Justiça...

    Diante da gravidade dessa campanha e do temor das proporções que ela pode adquirir, sentimos a necessidade de nos manifestarmos no seguinte sentido:
1.    Nós, profissionais do sexo, somos mulheres que vivemos em situação de vulnerabilidade econômica e política, sentindo na pele a dor de um cotidiano de preconceito e violência de toda a ordem. Além disso, infelizmente, enfrentamos a desqualificação e o desrespeito por parte de alguns setores e movimentos do próprio feminismo e de outros espaços institucionais voltados às mulheres.
2.    Atualmente, nossa visibilidade política está reconhecida no governo federal, fundamentalmente, por meio do Departamento de Saúde, que trata de DST, AIDS e Hepatites Virais... Um espaço público marcado pelo estigma da doença e não pela visibilidade das nossas lutas efetivas. Com isso, até outros departamentos voltados para mulheres e setores institucionais feministas nos discriminam e nos tratam como “questão de saúde pública” e, portanto, problema social. Lutamos, com o apoio de Rafael Silva, contra essa invisibilidade e pela ampliação de espaços políticos e institucionais.
3.    Nesse contexto, em nossa história de luta por reconhecimento, respeito e legitimidade, encontramos poucas pessoas capazes de compreender a importância das nossas pautas e reivindicações e, menos ainda, pouquíssimas vozes capazes de fazer um trabalho – gratuito – de defesa pública, assessoria jurídica e enfrentamento das violências diversas que enfrentamos por nosso trabalho.
4.    Rafael é nosso advogado, companheiro de luta pelos nossos sonhos e direitos. E é um dos raríssimos advogados do país que atuam para defender e dar visibilidade institucional positiva aos profissionais do sexo. E, mais, ele trabalha conosco gratuitamente, de forma sensível, responsável, com respeito absoluto à nossa pauta feminista e ao nosso trabalho.
5.    Rafael esteve ao nosso lado sem nos perguntar quem éramos, sem questionar sobre nossas histórias de vida, sobre passados... Apenas estendeu as suas mãos para que pudéssemos continuar as nossas boas lutas.
6.    Defender o Rafael não é ir contra as mulheres. Defendemos os direitos humanos e, fundamentalmente, defendemos aquelas pessoas que são mais vulneráveis na vida e no cotidiano de suas atividades. De forma alguma, queremos deslegitimar as denúncias levadas ao Ministério Público, mas queremos que tudo seja apurado e esclarecido por um Judiciário imparcial, com ampla defesa. Defender o Rafael é lhe dar o direito de se defender! Nós partimos do lugar de que todas as pessoas têm o direito à ampla defesa e esperamos que o Rafael também o tenha, em todos os âmbitos e instância. Até lá, estaremos, sim, ao lado dele, para que ele possa provar para a justiça sua inocência.

Como profissionais de sexo e pessoas que vivem as marcas do preconceito e da violência, defendemos fortemente a importância do sistema de proteção da Lei Maria da Penha e a necessidade de toda a forma de apoio jurídico e social às mulheres que sofrem violência. No entanto, chamamos a atenção para a injustiça da campanha pública e das acusações no presente caso, alertando para o perigo do uso político que tenta coagir, inclusive, as manifestações de apoio das instituições e mulheres que conhecem e convivem com Rafael Silva.

Por esse motivo, causa-nos indignação e revolta essa campanha pública que tenta deslegitimar sua imagem enquanto defensor de direitos humanos. Afirmamos o nosso apoio a Rafael e sentimos, com clareza, que a campanha e as outras articulações que foram realizadas tentam afastá-lo de suas lutas, não dando a oportunidade de ele se defender perante a Justiça. Com isso, entendemos que essa campanha tenta tirar de nós o advogado e assessor jurídico, nosso companheiro que sempre esteve conosco, nos fortalecendo, nos lembrando da nossa dignidade e prestando seu trabalho sem nenhum custo, mas por convicção.

E assim continuaremos com as nossas tentativas de mostrar à sociedade, a partir das nossas histórias, que a verdade tem várias versões; que um dos direitos humanos básicos de uma pessoa é o de ser escutada sem que lhe atirem pedras antes mesmo do seu pronunciamento ou de um pronunciamento da própria Justiça.
Rafael, sempre estivemos lado a lado e esperamos continuar... Esperamos continuar contando com teu companheirismo, com tua coragem e com a tua certeza que viveremos em uma sociedade igualitária.

Conte conosco, por que nós contamos contigo!

PROFISSIONAIS DO SEXO


APROSMA – Associação de Profissionais do Sexo do Maranhão
APROSPI – Associação de Prostitutas do Piauí
CIPMAC - Centro Informativo de Prevenção Mobilização e Aconselhamento aos Profissionais do Sexo de Campina Grande 
ASPRORN - Associação dos e das Profissionais do Sexo e Congêneres do Rio Grande do Norte
AS AMAZONAS - Associação de Prostitutas e Ex-prostitutas do Amazonas
AGN - Associação Garotos da Noite - Amazonas
IVES – Instituto Vida e Esperança -RN

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

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Corrida da calcinha

Não é todo dia que se vê cem marmanjos correndo pela rua com calcinhas na cabeça. Em João Pessoa, dá para presenciar a cena ao menos uma vez por ano. É a "corrida de calcinhas", promovida todo dia 2 de junho em comemoração ao Dia Internacional da Prostituta.. E por que a calcinha vai na cabeça? "Se a gente saísse correndo de calcinha, ia ter problema", diz a presidente da Associação das Prostitutas da Paraíba, Luza Maria "Ia presa."

A corrida faz parte de uma série de festejos em comemoração ao Dia da Prostituta, promovidos também pela prefeitura desde 2005.

"Queremos que o pessoal conheça de perto [nossa realidade] para tirar essa visão de que prostituta é coisa ruim, é marginal", diz Luza.


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Portaria vai ajudar a combater discriminação por HIV no trabalho

 “Esta lei vai contribuir imensamente para amenizar o estigma que ainda existe em torno do HIV no Brasil”, celebrou nesta quinta-feira, 11, o diretor do Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Fábio Mesquita, em referência à portaria do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) publicada neste mesmo dia no Diário Oficial da União. A Portaria nº 1.927 estabelece orientações para combater a discriminação de pessoas com HIV e AIDS nos locais de trabalho, em cumprimento à Recomendação 200 – sobre o HIV e a AIDS e o mundo do trabalho – aprovada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 17 de junho de 2010.

De agora em diante, por exemplo – segundo a nova e crucial portaria –, será considerada prática discriminatória exigir dos trabalhadores (incluindo migrantes, pessoas que procuram emprego e candidatos a trabalho) a realização de testes para diagnosticar o vírus HIV. Em outras palavras: nenhum trabalhador pode ser obrigado a realizar o teste de HIV ou a revelar o seu estado sorológico relativo ao HIV. Os trabalhadores também não devem ser coagidos a dar informações relacionadas ao HIV sobre terceiros.

“A portaria é oportuna porque, hoje, o HIV não é mais uma condição incapacitante”, reiterou o assessor técnico da Coordenação de Prevenção e Articulação Social (CPAS) do Departamento João Geraldo Netto, que vive com o vírus há 12 anos. “O HIV ainda é uma doença crônica, mas inteiramente manejável com o tratamento simplificado e acessível por meio dos antirretrovirais de última geração que utilizamos no Brasil”, completou.

O coordenador de Articulação Política do Grupo Pela Vidda-Niterói, Renato da Matta, concorda que a portaria representa um avanço “muitíssimo importante”.

ORIENTAÇÕES – De acordo com as orientações da nova portaria, não pode haver discriminação dos trabalhadores em função de seu estado sorológico, ou do fato de eles pertencerem a regiões ou segmentos populacionais considerados sob maior risco ou vulnerabilidade à infecção por HIV.

A portaria estabelece também que os resultados dos testes de HIV devem ser confidenciais e não comprometer o acesso ao emprego, à estabilidade ou às oportunidades de avanço profissional. O trânsito de trabalhadores migrantes ou que pretendem migrar em função do emprego não deve ser impedido com base em seu status sorológico. O estado sorológico não pode ser causa de demissão, e as ausências temporárias por motivo de doença ou para cuidados relacionadas ao HIV/AIDS devem ser tratadas como as ausências por outros motivos de saúde. Ademais, a possibilidade de continuar a trabalhar – enquanto estão clinicamente aptos – deve ser dada aos trabalhadores que sofrem de doenças relacionadas ao HIV. Neste mesmo sentido, devem ser implementadas medidas para eventualmente realocar estes trabalhadores a cargos e atividades adaptados às suas capacidades; para apoiar sua requalificação profissional, se necessário; ou para facilitar o seu retorno ao trabalho.

Além disso, para enfatizar que o HIV não é transmitido pelo contato físico, a Portaria nº 1.927 estabelece que os trabalhadores devem receber informações e orientações sobre prevenção e modos de transmissão do HIV, no caso de haver possibilidade de exposição ao vírus no local de trabalho. Evidentemente, este local deve ser seguro e salubre, a fim de prevenir qualquer possibilidade de transmissão.

Do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais

domingo, 21 de dezembro de 2014

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Conheça De Jesus, a presidente da Associação de Profissionais do Sexo do Maranhão

"Não tenho problema com minha vida. Apesar de tudo, ela foi maravilhosa", assim Maria de Jesus Costa, mais conhecida como De Jesus, assinala sua trajetória. Aos 54 anos, ela está à frente da Associação de Profissionais do Sexo do Maranhão, a Aprosma, que presta assistência e reivindica direitos para a classe. A organização atendeu cerca de 950 mulheres no ano passado, marcando presença em áreas com concentração de prostituição, como Centro e São Cristóvão.

 A ativista esteve por cerca de 20 anos na profissão. Começou aos 15, vinda da pequena cidade de Pontal. "A zona tinha muita festa, música e gente. Eu queria 'luxar', usar sapato alto, sentar na mesa do bar e tomar cerveja. Aí, acabei entrando nessa vida", conta.

Já adulta, foi fazer supletivo no colégio Santa Teresa, junto com outras garotas de programa, por iniciativa de freiras que as incentivaram a estudar.Na sala de aula, ninguém sabia onde moravam nem o que faziam. Depois, ingressou em cursos de manicure, costureira, cabeleireira e primeiros socorros, mas nada acabou dando certo.

 De Jesus já abandonou a prostituição há duas décadas e hoje vive de seu trabalho como servidora do estado, no programa Viva Mulher. Faz parte do movimento de luta pelos direitos das prostitutas desde 1985 e fundou a Aprosma em 2002.

Ela afirma que muita coisa mudou desde o tempo em que estava na atividade. Revela que a grande maioria dos homens que hoje procuram o serviço são casados e estão na faixa de 40 a 50 anos. A maior liberdade sexual dos jovens na atualidade fez com que os garotos procurassem menos por sexo pago, acredita a líder. "O 'fica' multiplicou a sexualidade. Agora, a própria namorada do rapaz faz tudo, então ele não precisa mais procurar na rua". A maior tolerância à homossexualidade também teria levado mais mulheres a procurarem prostitutas.

Apoio familiar

"A profissional do sexo tem sentimentos como todo mundo. Sou como qualquer mulher. Amei e sofri muito", declara. Ela diz que seus namorados geralmente começavam como clientes, e que viveu experiências conturbadas, com episódios de violência e exploração.

Atualmente, De Jesus não está casada. Tem três filhos e uma neta de 3 meses. Segundo a ativista, eles nunca tiveram problemas com seu passado. "Minha filha mais nova, de 21 anos, inclusive me ajudou muito no movimento, até me representando em conferências", diz. "Sou feliz das minhas meninas não terem precisado fazer o que eu fiz. Se você me perguntar, é claro que eu não queria que elas trabalhassem nesse ramo. Se a pessoa tem oportunidade, tem que estudar".

De Jesus lida com todo tipo de caso, desde garotas de programa deficientes até mulheres mais velhas casadas que levam vida dupla. Para todas, dá o recado: "Nada de se vitimizar. Você tem que ir atrás e cobrar seus direitos. E tudo que tiver que fazer, faça com segurança. A mulherada não pode mais calar mais a boca para a violência e tem que se proteger das doenças".

Publicada em 19/05/2012
Do O Imparcial

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

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Países reafirmam compromisso para acabar com a Aids até 2030

Programa Conjunto da ONU sobre HIV/Aids fala em reunião "histórica" em Nova York; vice-diretor da agência ressalta que progressos não seriam possíveis sem pioneirismo do Brasil.
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

O Programa Conjunto da ONU sobre HIV/Aids, Unaids, realizou na noite de quinta-feira uma reunião em Nova York onde países reafirmaram o compromisso de acabar com a epidemia até 2030.

Participaram do encontro os presidentes da África do Sul, Gana, Suíça e o secretário de Estado americano, John Kerry. O Unaids espera que o número de novas infecções em adultos caia de 2 milhões para 200 mil até 2030.

Desenvolvimento

Outro objetivo é garantir o fim da discriminação e do estigma contra pacientes com HIV, como explicou à Rádio ONU o vice-diretor do Unaids, Luiz Loures.

"Nós podemos derrubar o vírus. Nós sabemos como combater. Temos o conhecimento, temos as drogas, temos as tecnologias. O que segura hoje o avanço é a discriminação, é a desigualdade e é a pobreza. E é aí que a liga entre o combate à Aids e desenvolvimento passa a ser fundamental. É uma reunião histórica. Mais uma vez é um compromisso, uma reafirmação de que o combate à Aids segue sendo uma prioridade global."

Sucesso

Segundo Luiz Loures, a Aids continua sendo a principal causa de morte entre mulheres no mundo. O vice-diretor da agência da ONU falou sobre a importância do compromisso político no avanço do combate ao HIV.

O representante do Unaids destacou ainda a importância do pioneirismo brasileiro.

"Essa história começou no Brasil. A história de sucesso em resposta à Aids começou no Brasil. Eu me lembro bem, no começo da epidemia, no meio dos anos 90, quando havia uma negação completa do direito de quem morava na África, na América do Sul, de quem nasceu no (hemisfério) sul de ter o mesmo acesso à tratamento que já existia nos países do norte. Foi o Brasil, como o primeiro país no sul a tratar a Aids, que reverteu esse processo."

Dados do Unaids afirmam que 2% das novas infecções por HIV no mundo ocorrem no Brasil, mesmo índice dos Estados Unidos. O país com o maior número de novos casos de Aids é a África do Sul, com 16%, seguida pela Nigéria, Uganda e Índia.
Do unmultimedia

Profissionais do sexo discutem políticas públicas, em São Luís

O evento está em sua sétima edição.
O Centro de Referência Santa Micaela acompanha 900 profissionais.


As profissionais do sexo dos estados, que correspondem às regiões Norte e Nordeste do país, estiveram reunidas nessa quarta-feira (24), na capital maranhense, discutindo políticas públicas e a formalização da profissão.

O evento que está em sua sétima edição tem servido como uma troca de experiência importante para a categoria. Além de fortalecer a luta pela regulamentação definitiva da profissão das profissionais do sexo.
Para a Presidente da Associação das Profissionais do Sexo no Maranhão, Maria de Jesus, o mais importante no momento é fazer valer o projeto de lei. “A gente tem um projeto de lei de regulamentação da prostituição como profissão que nunca a gente conseguiu fazer nada”.

De acordo com a Assessora Técnica DST/AIDS do Ministério da Saúde, Liziane Passini, o Governo apoia as profissionais, e acredita que só por meio de informação e educação a prevenção pode ser levada adiante. “O Governo acredita que elas são as melhores pessoas pra poder fazer o enfrentamento ao HIV/AIDS junto com as suas companheiras. Então a gente tem trabalhado numa concepção de fazer essa educação em pares, de fazer a prevenção junto delas, e que elas possam levar essas informações para a toda população”.
O Centro de Referência Santa Micaela, em São Luís, acompanha 900 profissionais do sexo. O Ministério da Saúde acompanha esta articulação regional.

Do G1 MA
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Representantes de profissionais do sexo se reúnem em São Luís

A articulação regional de profissionais do sexo do norte e nordeste promoveu um encontro em São Luís, que discutiu as politicas publicas para a categoria.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

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02 de Junho - Dia Internacional da Prostituta


No dia 2 de junho de 1975, 150 prostitutas ocuparam a igreja de Saint-Nizier, em Lyon, na França. Elas protestavam contra multas e detenções, em nome de uma guerra contra o rufianismo (atividade de quem tira proveito da prostituição alheia), e até contra assassinatos de colegas que sequer eram investigados. Além disso, maridos e filhos de prostitutas eram processados como rufiões, por se beneficiarem dos rendimentos das mulheres. Tabernas deixaram de alugar quartos para as trabalhadoras do sexo, com medo da repressão policial. A igreja e a população de Lyon apoiaram a manifestação e deram proteção a elas
Prostitutas francesas são levadas para a Salpêtrière, a
prisão para mendigos, vagabundos e prostitutas

 A ocupação da igreja foi transmitida por todos os meios de comunicação, no país e no exterior, inclusive no Brasil. As mulheres exigiam que o seu trabalho. fosse considerado “tão útil à França como outro qualquer”. Outras 200 prostitutas percorreram as ruas de carro distribuindo folhetos, com denúncias de que eram “vítimas de perseguição policial”, o que as impedia de trabalhar. Uma carta foi enviada ao presidente Giscard d’Estaing.


Painel em Salpêtrière, por Tony Robert-Fleury. A pintura
mostra prostitutas mal tratadas entre mendigos, vagabundos e
doentes mentais, que foram imprisionados nessa prisão, até
que as prostitutas foram liberadas pelo povo na Revolução
Francesa.


O movimento se ampliou para outras cidades francesas, como Marselha, Montpellier, Grenoble e Paris, onde colegas também entraram em greve.  No dia 10 de junho, às 5 horas da manhã, as mulheres da igreja de Saint-Nizier foram brutalmente expulsas pela polícia.
Estátua de bronze Belle em Amsterdã, no
distrito da prostituição De Wallen, em frente da
Igreja Oude Kerk. Foi inaugurada em março de
2007 com a inscrição "Respeita as prostitutas no
mundo inteiro"

Ao ter a coragem de romper o silêncio e denunciar o preconceito, a discriminação e as arbitrariedades, chamando a atenção para a situação em que viviam, as prostitutas de Lyon entraram para a história. Por isso, o 2 de junho foi declarado, pelo movimento organizado, como o Dia Internacional da Prostituta.









terça-feira, 27 de maio de 2014

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MS implanta programa para diagnóstico precoce de HIV e Aids

Adicionar leReunião define funcionamento do programa Viver
Melhor Sabendo em Rio Branco (Foto: Marcelo Torres)
O Ministério da Saúde (MS), em parceria com as secretarias estadual e municipal de Saúde de Rio Branco, realizou, na manhã dessa segunda-feira, 26, uma reunião para implantar o programa Viva Melhor Sabendo, que visa incentivar a realização da testagem rápida de HIV e Aids por fluido oral para a população de risco em Rio Branco.

Participou da reunião, a Associação de Mulheres do Acre Revolucionárias (Amar) que já trabalha com o público alvo desde 2005. “Nós somos o primeiro contato com o público alvo, pois vamos até essas pessoas para orientar sobres as formas de contágio das DSTs [doenças sexualmente transmissíveis] e usuários de drogas, e agora com esse teste por fluido oral teremos uma resolutividade no diagnostico precoce”, enfatizou a coordenadora da Amar, Tatiana Mendes.
A assessora técnica do MS, Elisiane Pasne, fala sobre
o novo teste rápido para HIV e Aids (Foto: Marcelo
Torres)

 “Para reduzir as novas infecções pelo HIV, é necessário o diagnóstico precoce e oportuno, e esse projeto é uma oportunidade de fortalecer a política nacional de tratamento como prevenção, ou seja, quanto mais rápido for o diagnóstico do HIV, o tratamento à base de antirretroviral iniciará mais cedo, consequentemente, melhora a qualidade de vida e redução na transmissão do HIV”, explicou a assessora técnica do departamento de DST/Aids do MS, Elisiane Pasne.

HIV e Aids em números

O kit inclui uma haste coletora de fluido oral
descartável, frasco com solução e suporte plástico
(Foto: Divulgação)
 Dados do MS demonstram que 700 mil pessoas vivem com HIV e Aids no país, sendo que, aproximadamente, 150 mil desconhecem a sua condição sorológica.

A epidemia se concentra em quatro populações chaves, cuja taxa de soroprevalência de HIV é 4,9% entre profissionais do sexo, 5,9% entre usuários de drogas e 10,5% entre homossexuais. Já a população geral brasileira apresenta a taxa de soroprevalência de 0,4%.

Da Agência Acre
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Dia Internacional da Prostituta

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